Carta para o meu dono
Durante muitos anos, fui o seu companheiro inseparável e aprendi a amar você, desde o primeiro minuto que você me levou para sua casa. Eu olhei pela última vez para a minha mãe e os meus irmãos, mas me senti confiante quando você me colocou no colo e olhou nos meus olhinhos de filhote.
Ali nascia uma verdadeira e preciosa amizade entre a gente. Você nunca me bateu, cuidou de mim, me ensinou tudo e ainda teve paciência nas primeiras noites que eu chorava de medo, ou de frio, por estar longe dos carinhos da minha mãe e das brincadeiras com meus irmãozinhos.
Eu não queria atrapalhar o seu sono, mas você levantava de madrugada e vinha ficar um pouco comigo, me protegendo. O tempo foi passando e eu adorava seguir você pela casa, ou dormir nos seus pés, enquanto você estava no computador.
Detestava ficar sozinho quando você saía, sentia a sua falta a cada minuto que olhava para “aquela porta branca” e imaginava que você ia chegar.
Eu era “a pessoa” que ficava feliz, quando via você alegre, e me entristecia quando o via chorando. Naqueles momentos eu pedia ao Deus dos cães – que eu acredito que deva ser o mesmo Deus dos homens – o dom das palavras, para tentar lhe consolar. Mas eu só conseguia mesmo era lamber suas lágrimas, quando elas insistiam em cair dos seus olhos lindos.
Você era o meu dono, o meu amigo.
Muitas vezes eu gostaria de ser grande – mesmo sendo eu apenas uma miniatura de Pinscher – para morder todas as pessoas que quisessem lhe fazer algum mal. Queria ser pequenininho como um Chihuahua– mesmo sendo eu um Pitbull – para poder caber na sua cama e dormir ao seu lado.
Desculpe-me pelas peraltices de criança. Minha intenção era fazer você brincar comigo.
Desculpe principalmente por eu ter envelhecido tão rápido e adoecido. E seguido para uma nova vida. Não queria abandonar você nunca. Mas não fique triste, porque a gente ainda vai se encontrar.
Fui morar na Ponte do Arco-íris, do ladinho do céu, e lá tenho outros amiguinhos iguais a mim. Muito sol, cachoeira, comida e a grama verdinha para a gente correr. Eu vou ficar bem, não chore por mim, pois não estarei aí para lamber suas lágrimas…
Se eu estava doente ou aleijado, lá estarei curado e feliz! Saiba apenas que vou continuar olhando para “aquela porta branca”, igualzinha à da nossa casa, a mesma que nos separava um do outro… Mas quando você chegar para me visitar, vou sentir o seu cheiro de longe e estarei lá, muito mais feliz e saltitante, para abraçar você novamente. E nunca iremos nos separar de novo.
Vou cuidar de você, igual você cuidou de mim. E nesse dia, Deus vai me permitir falar, para que eu possa lhe contar como sempre o amei e como te amarei para sempre e por toda a eternidade.
Amo você, meu dono carinhoso.
Do seu cão, Bob.