Meu eterno companheiro
Tenho medo de voltar para casa e não ser recebido com a “mesma festa de sempre”. O tempo passou rápido demais e você envelheceu muito antes do que eu podia imaginar.
Ainda lembro da gente correndo na praia e eu, cansado, tentando acompanhar o seu ritmo. Achei que aquele momento nunca ia acabar.
Quando estávamos juntos era sempre uma farra. Gostava de lhe dar banho de mangueira, mas no final, eu que acabava todo molhado e percebia que você gostava disso, ficava rindo ao me ver todo ensopado.
Caminhando ao seu lado, me sentia mais forte, afinal de contas, os seus dentes afiados amedrontavam qualquer bandido que ousasse chegar perto de mim. Nenhum segurança seria tão fiel a ponto de dar a vida para me defender.
Agora você está doente e eu adoeci com você. Nem sei qual de nós dois está pior. Essa angústia está me destruindo por dentro. Percebo que o veterinário nem sabe mais o que me dizer…
Procuro a todo instante palavras de conforto, de que tudo vai terminar bem e você vai melhorar. Preciso da sua cura para eu poder sorrir de novo.
Meu cachorro, tenho medo de voltar para casa e não ser recebido “com pulos de alegria e o seu rabo abanando de felicidade”. Tenho muito medo de não te encontrar na porta, como sempre aconteceu em todos esses anos.
Meu coração fica apertado quando imagino que posso perder você. Que um dia vou chegar e encontrar o seu tapete vazio. Muito mais vazia está a minha alma, já que não posso fazer nada para lhe ajudar. Me sinto um incompetente, queria ter o poder de parar todas as suas dores, todo o seu sofrimento.
Cachorrinho, não consigo ver você assim: fraco, triste, cansado. Suas patas caminham devagar, quase sem força. Seu pelo não tem mais o mesmo brilho, mas notei que uma coisa não mudou: o seu olhar continua igualzinho – o mais lindo de todos os olhares!
Não terá sentido assistir televisão sem ter você lambendo os meus pés. Jantar sozinho, sem a sua “cara de coitadinho”, pedindo migalhas de pão ou de biscoito. Ou deitar no sofá e não ter a quem afagar as orelhas e fazer carinho na barriga.
O mais difícil vai ser chegar em casa e procurar você em cada cantinho, em todos os seus lugares preferidos e que sempre serão seus.
Gostaria que soubesse o quanto o amo, mas não quero que você me veja chorando. Não quero que ache que sou um dono fraco.
Pensando bem, o que importa? Meu cachorro nunca vai me julgar. Ao contrário: ele acha que eu sou a pessoa mais importante do mundo! E me fez acreditar nisso, todas as vezes que eu chegava em casa.
Agora tenho medo de voltar e não encontrar você. Mas sei que um dia, de onde estiver, você sempre vai estar me esperando. Nosso amor vai além do plano terrestre, é muito mais profundo e atravessa dimensões.
Quero agora dizer-lhe o quanto o amo. Colocá-lo no meu colo e cuidar de você até o último minuto de sua vida.
Se você não tiver forças para vir até a porta me receber, não tem problema. Eu vou até você e vou contar todos os momentos felizes que passamos juntos desde que o trouxe para nossa casa, ainda filhote. Foi a melhor escolha que fiz. Talvez relembrando algumas coisas, a gente possa sorrir juntos mais uma vez.
Nunca vou te esquecer e sei que a gente ainda vai se encontrar. Obrigado por existir. Sou uma pessoa muito melhor depois que você apareceu. Para sempre meu companheiro! Amo você!
Nota de rodapé: Infelizmente, mesmo sendo seres tão especiais e indefesos, alguns animais continuam sendo maltratados. Eles têm sentimentos e não sabem se defender sozinhos.
Devemos denunciar qualquer ato de abuso, ameaça de envenenamento, abandono, atropelamento e maus-tratos.
Pela Constituição de 1998, os animais estão sob tutela do Estado e cabe a ele a função de protegê-los. Atos de abuso e de crueldade são crime ambiental e devem ser denunciados à polícia, que formalizará a ocorrência e instaurará um inquérito.
Não tenha medo. Denunciar é um ato de cidadania e de amor. Todos os animais merecem nosso carinho e respeito. Vamos combater essa covardia e denunciar os agressores. Nossos animais agradecem!